Sítio Trapiá é uma região rural pertencente ao município de Assú no Rio
Grande do Norte, à 45 Km de Mossoró. Um dos milhares de lugares perdidos
no meio do nada. Região que durante muitos anos e várias gerações foi
marcada pela característica comum à boa parte das comunidades rurais
pobres do nordeste: pobreza, falta de assistência do estado, alta taxa
de mortalidade infantil, e da mesma forma um elevado numero de pessoas
analfabetas.
Neste lugar em particular, esse quadro mudou sensivelmente depois que um
casal de missionários ingleses (Mike e Davina Wilson) se mudaram para
essa região, e a partir daí dedicaram mais de 20 anos de suas vidas,
integralmente, no desenvolvimento humano e espiritual da comunidade. E
entenda-se por desenvolvimento humano e espiritual, tratando estas duas
palavras juntas, sem dicotomia. Era muito mais que simples
assistencialismo religioso. Eles viveram na comunidade como um deles.
Começaram morando numa casa de taipa e aos poucos foram construindo uma
mais sólida e espaçosa. Seus filhos (Débora, Paulo e Julia) cresceram em
Trapiá. E eu pude desfrutar da amizade desta família que, como poucos,
me ajudaram a mudar radicalmente meu conceito do que é "estabelecer o
reino de Deus" nesta terra.
Muito mais do que construir igreja e formar religiosos, uma das
características da ação de pessoas inspiradas por Deus em um lugar tem
como principais sintomas:
- Diminuição da injustiça
- Valorização da vida
- Desenvolvimento humano
- Educação
- Organismo comunitário participativo
E por aí vai...
E o presente curta, do também amigo de longas datas Marcus Chastinet,
trabalho este realizado em parceria com o curso de cinema da UFC, onde o
mesmo estuda, trata exatamente deste aspecto transformador que a
presença de uma família cristã em um lugar esquecido pelo estado pôde
atrair de benefícios e transformação. E tudo isso narrado pelos próprios
moradores de Trapiá.
Hoje a família Wilson, depois de muitos anos em Trapiá, voltaram para a
Inglaterra. Há poucas semanas estive lá, nesta comunidade para celebrar o
aniversário da igreja batista que nasceu como apenas um dos muitos
frutos deixados pela família Wilson. Porém, ao observar aquela igreja
completamente cheia de jovens e adolescentes, percebo o legado deixado, e
como fiquei feliz por saber que a obra é de Deus, que através de sua
imagem e semelhança (humanidade), quando esta se abre para a influência
do Mestre de Nazaré, é capaz de transformar qualquer circunstância em
algo melhor. Ou seja, esperança!
Pena que em um país onde mais de 90% da população se declare cristã, a
realidade seja absurdamente contrastante ao que se é declarado. Mesmo
com maioria cristã, o Brasil é considerado um dos países mais corruptos
do mundo (em quase todas as áreas há sempre uma forma de corrupção), e
apesar de estar entre as 10 maiores economias do mundo, é um dos países
onde ainda há mais desigualdade.
Alguma coisa está errada não?
Ainda bem que, em meio a essa podridão, existem ainda focos da Graça de
Deus, onde podemos nos inspirar e perceber que existe sim gente que lava
o Reino de Deus a sério neste mundo.Obrigado Marcus Chastinet por conseguir captar de forma tão bela e sincera esse foco da Graça chamada Trapiá!
Curta-metragem: Trapiá - Uma Comunidade (Brasil - 2012)
Diretor: Marcus Chastinet
Estúdio/Produtora: UFC (Universidade Federal do Ceará) / ICA - UFC (Istituto de Cultura e Arte) / Curso de Cinema e Audiovisual - UFC
Assistam abaixo o excelente curta-metragem "Trapiá - Uma Comunidade":
Fonte: mundo-facundo.blogspot.com.br - George Fecundo
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