Hoje a conversa é com Gary Moore (IMDB aqui). Conheci Gary quando gravamos o mini-metragem “Second Fiddle”, no qual eu também trabalhei como runner/contra-regra, o qual foi um filme sample para o 168 Film Festival, feito durante o Gideon Film Festival.
Se você tem o hábito de ver filmes cristãos americanos, você com certeza já viu o Gary em algum filme! Na verdade, ele está em muitos deles: O Julgamento / The Trial, O Pagamento De Uma Vida / The Bill Collector, O Segredo (filme de Brian Bird, também entrevistado aqui), A Dance for Bethany, Jimmy, Meu Nome é Paulo (filme de Vanessa Ore, também entrevistada aqui), entre muitos outros! Dentre esses outros, - e aqui merece um destaque! - está o vencedor como melhor longa metragem no SAICFF 2013,“Return to the Hiding Place” (você também pode assistir a premiação aqui *em inglês). - U-hu! Parabéns, Gary!!
Título: Guerra de Resistência (tradução não oficial)
Título original: Return to the Hiding Place (IMDB aqui)
Gênero: Drama, História, Suspense
Dirigido por: Peter C. Spencer, Josiah Spencer
Escrito por: Bart Gavigan, Peter C. Spencer
Elenco: John Rhys-Davies, Mimi Sagadin, Craig Robert Young, Gary Moore
Sinopse: Quando os nazistas começam a matar os judeus na Holanda, um grupo de jovens estudantes lutam para salvar as vidas dos inocentes.
Trailer (em inglês):
Confira abaixo a conversa com Gary!
Questions&Answers
[RÉGIS] Gary, quando você descobriu que seguiria a carreira de ator?
[GARY] Eu comecei a atuar numa peça teatral da escola quando tinha uns 7 anos. Minha irmã mais velha era atriz e eu comecei a segui-la para o Goodman Theater, no centro de Chicago, para aulas de atuação.
[RÉGIS] (risos) Me identifico com sua história! Eu também fiz meu primeiro trabalho na TV porque estava seguindo minha irmã mais velha pra um teste, e no fim também fui escolhido! A partir daí não deixei mais a profissão! Mas Gary, você já tinha em mente desde o início que atuaria em filmes cristãos?
[GARY] Não, eu me converti ao cristianismo quando tinha uns 10 anos e nunca cheguei a ficar na frente de uma câmera até depois de ter casado e me mudado pra California.
[RÉGIS] Quais dificuldades você enfrentou pra conseguir se envolver na indústria de filme cristã?
[GARY] Bem, eu comecei a frequentar o International Christian Visual Media Convention (ICVM) no início de minha carreira e lá acabei conhecendo muitos diretores e produtores de filmes cristãos. Assim como a maioria, eles preferiam contratar atores locais e a menos que você morasse próximo de onde estavam filmando, era difícil ser selecionado.
[RÉGIS] E você conseguia dinheiro o suficiente pra se sustentar ou tinha outros trabalhos?
[GARY] Eu tenho uma família de 4 garotos e uma esposa, portanto eu sempre precisei de várias fontes de renda. Eu também faço muito trabalho de Relações Públicas e dublagem entre uma filmagem e outra.
[RÉGIS] Às vezes, mesmo em filmes entitulados "cristãos", há conteúdos que vão contra nossos princípios, piadas pesadas, ou mesmo má qualidade de produção. Como você lida com isso?
[GARY] Bem, eu tento me manter afastado de roteiros ruins, com palavreado de baixo-calão ou mesmo de sets de filmagens onde eu sei que eles não sabem o que estão fazendo. Eu penso que se você for fazer um filme cristão, precisa ser o melhor que você possa fazer, com as melhores pessoas tanto na produção quanto no elenco. Os filmes cristãos que tiveram um impacto em minha vida eram muito bem feitos, como - por exemplo - o primeiro "Guerra de Resistência" feito há anos atrás.
[RÉGIS] Gary, quando você descobriu que seguiria a carreira de ator?
[GARY] Eu comecei a atuar numa peça teatral da escola quando tinha uns 7 anos. Minha irmã mais velha era atriz e eu comecei a segui-la para o Goodman Theater, no centro de Chicago, para aulas de atuação.
[RÉGIS] (risos) Me identifico com sua história! Eu também fiz meu primeiro trabalho na TV porque estava seguindo minha irmã mais velha pra um teste, e no fim também fui escolhido! A partir daí não deixei mais a profissão! Mas Gary, você já tinha em mente desde o início que atuaria em filmes cristãos?
[GARY] Não, eu me converti ao cristianismo quando tinha uns 10 anos e nunca cheguei a ficar na frente de uma câmera até depois de ter casado e me mudado pra California.
[RÉGIS] Quais dificuldades você enfrentou pra conseguir se envolver na indústria de filme cristã?
[GARY] Bem, eu comecei a frequentar o International Christian Visual Media Convention (ICVM) no início de minha carreira e lá acabei conhecendo muitos diretores e produtores de filmes cristãos. Assim como a maioria, eles preferiam contratar atores locais e a menos que você morasse próximo de onde estavam filmando, era difícil ser selecionado.
[RÉGIS] E você conseguia dinheiro o suficiente pra se sustentar ou tinha outros trabalhos?
[GARY] Eu tenho uma família de 4 garotos e uma esposa, portanto eu sempre precisei de várias fontes de renda. Eu também faço muito trabalho de Relações Públicas e dublagem entre uma filmagem e outra.
[RÉGIS] Às vezes, mesmo em filmes entitulados "cristãos", há conteúdos que vão contra nossos princípios, piadas pesadas, ou mesmo má qualidade de produção. Como você lida com isso?
[GARY] Bem, eu tento me manter afastado de roteiros ruins, com palavreado de baixo-calão ou mesmo de sets de filmagens onde eu sei que eles não sabem o que estão fazendo. Eu penso que se você for fazer um filme cristão, precisa ser o melhor que você possa fazer, com as melhores pessoas tanto na produção quanto no elenco. Os filmes cristãos que tiveram um impacto em minha vida eram muito bem feitos, como - por exemplo - o primeiro "Guerra de Resistência" feito há anos atrás.
[RÉGIS] Quais são seus critérios para aceitar ou não fazer um personagem?
[GARY] Bem, eu não me limito a somente filmes entitulados "cristãos", pois eu não acho que Jesus teria feito isso. Ele estava com todos e não se importava com o que as pessoas pensavam sobre as companhias que ele tinha. Você não pode ser sal se você estiver somente entre cristãos em sua vida. Eu tento me manter longe de coisas que vão contra minhas convicções pessoais, mas é cada vez mais difícil nos dias de hoje. Muitas vezes você não recebe o roteiro completo, somente sua cena e sua cena pode estar tudo bem, mas a cena logo depois da sua não. Minha mãe me deu um grande conselho quando eu estava iniciando minha carreira em filme... ela disse, "Não faça nada que você não vá querer que seus filhos assistam". Tim Conway me disse uma vez que nunca faria nada que depois ele tivesse que se desculpar. Tendo dito isto, eu procuro personagens que são mais como "eu" mesmo e que vão fazer as pessoas pensarem.
[RÉGIS] Eu imagino que você viaja muito e passa longos períodos longe de casa. Como você mantém um bom equilíbrio entre filmes e família?
[GARY] Felizmente, enquanto meus garotos eram pequenos eu estava apresentando um programa de TV que o estúdio era a alguns quarteirões de casa, e muitas vezes eu acabava envolvendo toda minha família no show quando possível! Agora, dois de meus filhos estão casados e os outros dois estão na faculdade, portanto tenho mais liberdade para viajar. Já que o estado onde moro não tem incentivos cinematográficos no momento, eu preciso viajar pra outros estados onde filme e TV estão a todo vapor. Eu dirigi 30mil kilometros com meu carro no ano passado, fiz quatro vôos pra Los Angeles, e dois pra Maryland. Meu estado, Carolina do Sul, está agora começando a aprovar projetos de incentivo fiscal para a área cinematográfica, portanto em breve poderei trabalhar como um "ator local".
[RÉGIS] O que você mais gosta em fazer filme e o que menos gosta?
[GARY] Eu amo estar num set de filmagens! Eu chego cedo, decoro minhas falas e deixo minha marca! Eu sei que muitas vezes acabamos tendo que esperar um tempão, mas amo as pessoas envolvidas em filme. Eu tento conhecer e conversar com todos da produção e do elenco. Tenho feito muitos novos amigos e contatos de pessoas que conheci nos sets de filmagens ao longo dos anos. No entanto não há muitas coisas que eu não goste em filme, exceto quando outros atores não fizeram sua lição de casa e chegam sem saber sua cena ou suas falas. Não há desculpas pra isso e esse despreparo desperdiça o tempo e dinheiro de todo mundo.
[RÉGIS] Gary, eu já te vi em muitos filmes. No outro dia mesmo eu estava vendo os trailers antes de começar o filme, na casa de um amigo no Brasil, e lá estava você novamente! Você já trabalhou em muitos filmes cristãos. Qual foi o seu favorito e por que?
[GARY] Eu teria que dizer que o mais divertido foi "O Pagamento de Uma Vida" (título original "The Bill Collector") pois eu fui o ator principal e trabalhei muito duro nesse filme. Todos os dias eram divertidos para mim, mesmo os dias que viravam longas noites. Nesse filme também trabalhei com Danny Trejo (de TriploX e outros. IMDB aqui) e descobri que ele é um cara muito gente boa. Um dia nós estávamos sentados conversando fora de seu trailer e meu filho chamou "Hey pai, deixa eu falar com ele!". Então meu filho veio até nós e teve uma boa conversa com Danny Trejo, uma conversa que ele jamais vai se esquecer.
[RÉGIS] (aos leitores) Veja o trailer legendado de "O Pagamento de Uma Vida" (The Bill Collector):
[RÉGIS] Então, falando novamente do filme "Return to the Hiding Place", no qual você fez o papel de Lars. Este filme acaba de ganhar como Melhor Longametragem no San Antonio Independent Christian Film Festival! Fantástico!! Parabéns! Conte-nos, quanto tempo levou para este filme ser produzido e qual foi o orçamento? E ainda, como foi a seleção de atores pra este filme?
[GARY] Eu era apenas um ator nesse filme! Você vai ter que fazer as duas primeiras perguntas pro diretor ou pro produtor! (risos) Tudo que sei é que quando ouvi dizer sobre este filme, eu queria de alguma forma ser parte dele! Acabou que o Coordenador de Produção deste filme, Loren Bryant, era o Auxiliar de captação de áudio no "The Bill Collector". Então, quando chegaram ao papel do personagem "Lars" no filme e não tinha um ator ainda, Loren disse que conhecia alguém que poderia fazer o papel. Eles então me pediram para gravar a audição/teste e enviar pra eles (o que se tornou padrão na indústria hoje em dia). Mas não foi até bem tarde da noite que recebi uma mensagem deles dizendo que queriam que eu estivesse no set de filmagens no dia seguinte em Michigan. Eles pagaram as despesas e eu dirigi a noite toda pra estar lá no outro dia em tempo! Eu estava muito empolgado com a oportunidade de ser parte deste grande filme!
[RÉGIS] Por favor, deixe algumas dicas especiais para os atores Brasileiros que estão começando agora! Como conseguir mais papéis para atuar? Como se sair bem nas audições? Deixe-nos seu conselho!
[GARY] Meu conselho para os atores que estão começando agora é que tenham diferentes experiências na vida pois um dia vocês precisarão extrair justamente as emoções vividas dessas experiências em um set de filmagens. Uma ótima dica que eu recebi de uma professora de atuação, Eric Kline da escola Film Actor's Workshop em Los Angeles, foi usar música no set para chegar à emoção que eu preciso em uma determinada cena. Música pode gerar uma emoção dentro de você quase que instantaneamente! Eu tive que chorar de verdade em minha cena de Return to the Hiding Place e você não iria querer fingir um choro na frente da câmera, pelo menos não com duas câmeras RED HD em close-up no seu rosto! Eric me ensinou a encontrar uma "música de chorar" que quando eu a ouço eu quase que instantaneamente começo a chorar. Eu fiz isso no set com fones de ouvido e essa é uma das razões você vê atores em seus próprios mundos com fones de ouvido escutando suas músicas pois eles precisam trazer a tona alguma emoção específica quando eles escutarem a palavra "ação!". A outra coisa que vou mencionar rapidamente é ter medo. 'Medo do palco' (stage fright) - como é conhecido - irá acabar com sua carreira a menos que você aprenda a lidar com isso. Eu costumava ficar tão nervoso que meus joelhos tremiam visivelmente e eu ficava com a boca totalmente seca e não conseguia falar. Até que um dia um professor me falou o que eu estava fazendo de errado. Quando nós experenciamos este 'medo de palco' estamos simplesmente sendo egoístas. Estamos somente pensando no que as pessoas pensam de nós ou como está nossa aparência ou mesmo já pensando no dinheiro que vamos ganhar com este trabalho! Bem, o segredo é ser "consumido pela sua mensagem"! Quando você está totalmente consumido com aquilo que está tentando comunicar você não consegue pensar sobre você mesmo e seu medo desaparece. Como um ator cristão, não estou isento de me decepcionar com toda a rejeição de ir a tantas audições. Eu frequentemente tenho que me relembrar que Deus é o meu maior Diretor de Elenco e Ele já me escolheu para os filmes que Ele quer que eu faça não importa o que aconteça. Ser um ator é difícil, mas também muito recompensador quando o projeto certo vem ao seu encontro, assim como "Return to the Hiding Place", o qual pessoas de toda parte do mundo poderão ver e ter um impacto em suas vidas.
Essa foi a conversa com Gary! Gostaria de frisar o que ele respondeu quando perguntei em relação a se envolver na indústria de filme cristã: "eu comecei a frequentar o International Christian Visual Media Convention (ICVM) no início de minha carreira e lá acabei conhecendo muitos diretores e produtores de filmes cristãos.", e também o que ele disse aqui: "Eu tento conhecer e conversar com todos da produção e do elenco. Tenho feito muitos novos amigos e contatos de pessoas que conheci nos sets de filmagens ao longo dos anos." Entenderam? Networking, networking, networking!
Invistam em ser bons no que fazem, e então invistam mais ainda em conhecer pessoas do ramo (tanto via redes sociais, porém mais importante fazer contato pessoalmente em eventos e festivais da área)!
Gary à esquerda. Bastidores de Second Fiddle. |
Até a próxima entrevista exclusiva, só no Cinema Cristão!
Entrevista por Régis Terêncio; ator e filmmaker
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