Quem espera assistir um filme apenas com uma mensagem cristã no Entrevista com Deus, não crie muitas expectativas. É um filme reflexivo, pois traz indagações sobre questões como a fé, salvação, livre arbítrio e a grande questão: porque coisas ruins acontecem com pessoas boas? Porém têm uma virada no enredo que deixa o espectador ou desapontado ou confuso. Também traz família, profissão como temas abordados na história.
O início do filme já mostra a tensão e alguns problemas que o filme vai trazer. Demonstrada, não através de longos diálogos, mas de imagens e sons. Mais imagens do que sons. Quem assiste o trailer, imagina o filme como algo bem diferente do que traz a narrativa. Experiência própria.
A história traz a conversa do jornalista Paul Asher (Brenton Thwaites) com um homem que se intitula ‘Deus’, interpretado por David Strathairn. Em um primeiro momento, ele vai fazer uma grande cobertura jornalística, logo que volta para Nova York, de uma viagem de cobertura da Guerra do Afeganistão. Eles se encontram em alguns lugares (etapas da entrevista) e começa o embate entre dois ‘homens’, mas com um grau sentimental bem maior quando o Homem se intitula Deus.
O que você falaria com Deus se o visse pessoalmente? Quais assuntos abordaria? Então as questões entaladas começam a vir à tona, e o Homem, passando-se por Deus começa a respondê-las com muito conhecimento e gerando os sentimentos que temos como seres humanos em nossas relações com Deus. Raiva, perguntas sem respostas, confusão, amor.
Paul, homem cristão, que era engajado na igreja, vê sua fé e devoção se esfriar pelos acontecimentos da vida e quando volta do Afeganistão muito perturbado com tudo o que vivenciou lá, vê sua fé por um triz. Assim que chega em Nova York, se depara com seu grande dilema: o casamento com Sara Asher (Yael Grobglas). O matrimônio está por um fio.
Sem coragem para falar com Sara, Paul mergulha em seu trabalho, e a entrevista com o Homem lhe causa muitos transtornos emocionais. Com muitas dúvidas e indagações a respeito da vida, da morte, etc. A questão do porque acontece coisas ruins com pessoas boas vêm a tona em alguns momentos do diálogo de Paul com o Homem. Notoriamente perturbado, sua conduta vai mudando e a história vai se desenrolando.
A história, que se desenrola em sua maior parte, em formato bem teatral (diálogo ‘ping pong’), afinal, é um diálogo com ‘Deus’, começa bem ritmada e com conteúdos e conceitos interessantes sobre a fé, o livre arbítrio, mas em minha opinião, tem uma quebra muito grande na terceira etapa da entrevista com ‘Deus’.
Como já falado, tem elementos narrativos muito marcantes, como a bicicleta, que é a fiel companheira de Paul. A fotografia é impecável e o filme se desenrola com uma mescla de suspense e ação. Os locais de filmagem foram bem escolhidos e o filme tem uma ótima produção.
Porém, a história perdeu o ritmo na metade para o fim e tem um final por um lado esperado, mas deixa questões no ar, pois não tem o desfecho de acordo com o desenrolar da narrativa. Tem um corte que o espectador fica esperando algo a mais.
Por Raquel Mesquita, jornalista pela PUC São Paulo.
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